É certo que não saberei responder
esta pergunta, ainda mais no início de mais um período eleitoral com as eleições
municipais. O que tenho visto desde que nasci (a não muito tempo eu sei), e
desde que estudo um pouco da nossa história política é a manutenção no poder público
nas mãos dos mesmos poucos que mandavam em muitos. Oligarcas. Mais
do mesmo. Se antes os alqueires de trigo determinavam quem podia votar e ser
eleito, agora são os sorrisos, obras ou o candidato que mais suja as ruas, que
em geral permanecem no poder. Grande parte de filhos, sobrinhos, netos de
outros que faziam a mesma porcaria.
Porcaria.
Esta é um coisa que me revolta nas eleições, não sei se ocupa o primeiro lugar
do ranking, mas certamente tira do sério. Você sai de casa e já não encontra um
ambiente lá muito arborizado e nesta época, e por meses a fio após as eleições,
tem que ficar dando de cara com essas caras plastificadas e photoshopadas por
todos os lados. Qualquer lugarzinho pouco assistido vira estacionamento de santinhos
extra-grandes. Quando não tem um pobre de um cidadão que fica tomando conta pro
concorrente não levar o raio da placa.
Lei
existe. Você pode demonstrar seu apoio ao seu candidato colocando placas em
locais privados. Mas em muitos locais se sabe que as pessoas recebem dinheiro
para "demonstrar" seu apoio, quando não são ameaçadas de fazê-lo. Quem
usar lugar público para colocação de cartazes corre o risco de ser multado. Mas
o risco não é lá tão grande né, porque
na verdade punir quase ninguém pune e o carro da coleta de lixo já deve estar
muito bem orientado a não retirar os cartazes do atual prefeito do Rio que está
se candidatando a reeleição. Aliás ele é o principal motivo da minha indignação.
Não só tenho que aceitar que o gajo tenha uma coligação para lá de suspeita, como
ainda tenho que ficar olhando para cara do galã toda vez que saio de casa. Argh!
Qualquer
criança do primarinho aprende com a tiazinha que não se deve jogar lixo no chão.
Qual será a dificuldade da grande maioria dos candidatos? Em tempos de consciência
ambiental o povo insistem em ficar gastando papelzinho que sabe lá Deus em que bueiro
vai parar? Tá vamos entender que esta é uma maneira tradicional de se fazer
qualquer tipo de campanha, mas sendo assim, é necessário orientar cabos
eleitorais que preguem diversos cartazes idênticos em um único lugar? Qual é o
objetivo? Não é mais água mole em pedra dura, é parafuso de titânio mesmo pra não
ter erro...
Outra
coisa que me deixa doente talvez na mesma medida que esta poluição visual
eleitoral é a verdadeiro elenco de palhaços que temos como candidatos. Palhaços
mesmo, que deixam Tiririca no chinelo. Sem contar o João do Açougue, o Manuel
da Padaria, o Carlinhos da Pipoca... Isso pensando nos nomes mais razoáveis.
Como pode um partido se pretender sério colocando candidatos com slogan estupidamente
jocosos? Não pretende é claro. O tamanho da ignorância coletiva é o que o
mecanismo do poder. Cantores, atores, humoristas, mulheres frutas, todo tipo de
celebridade espontânea tem lugar em partidos políticos. Primeiro é claro para
garantirem seu próprio pirão, depois para garantir o pirão de todo o partido,
levando alguns muitos deputados que não alcançaram pelas vias diretas o número
necessário de votos para tomar posse. A cantora Rosana este ano me surpreendeu
com a candidatura pelo PCdoB. Dos males o menor, ela não cantou seu fantástico
(e talvez único) sucesso Como uma Deusa.
Com
tanta coisa errada eu fico tentando entender se tudo sempre esteve errado ou se
começou a desandar faz tanto tempo, que as pessoas começaram a naturalizar o
ridículo, o torpe.
Meu
pensamento em geral é romântico e otimista, "essa porra um dia vai
mudar", porque se não mudar eu nem sei se quero saber pra onde nós vamos.
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